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RGartner 24 de October, 2025

Para quem cria conteúdo que convida à reflexão, há uma verdade incômoda a reconhecer: competimos em um espaço feito para outra coisa.

Não é que o YouTube seja ruim. É uma das melhores plataformas para criar. O problema é mais sutil: nosso conteúdo precisa dividir o mesmo feed com decotes, minissaias, rostos de espanto nas thumbnails e iscas de clique vazias.

Família assistindo TV

É como colocar um brócolis numa mesa cheia de bolos e donuts. E o pior: se alguém prova um bolo, é quase impossível que depois escolha o brócolis. Já entrou em outra vibração.

O algoritmo não mostra só conteúdo reflexivo. Seu histórico tem de tudo. E o feed que o YouTube constrói reflete isso: uma mistura variada onde o visual tentador sempre vence.

Existem conteúdos visuais sérios? Sim, claro. E é nisso que se aposta: captar atenção de forma inteligente. Mas sejamos honestos: há conteúdos muito mais sedutores. Um decote. Uma minissaia. Um estilo de vida aspiracional que promete que, se você copiar, sua vida vai mudar.

E é nesse mar que temos que nadar.

Então, devemos pintar o brócolis de chocolate?

A resposta não é simples. Porque se você pintar, deixa de ser brócolis. E se não pintar, ninguém vê.

Talvez a solução não esteja em mudar o brócolis. Talvez esteja em encontrar mesas onde o brócolis seja bem-vindo.

Ensaio RGartner


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